Nesta última sexta-feira, 16, o programa Super Tarde com Marcos Setti recebeu a Secretária Executiva da Associação Ambientalista Copaíba, Flávia Balderi. Na conversa foram tratados assuntos importantes, como o diálogo entre agricultura e ecologia e a recente crise de falta de água no Estado de São Paulo.Confira um resumo da entrevista.

 

MARCOS SETTI: Sabemos que o trabalho da Copaíba é imenso, mas gostaria que você fizesse um resumo pra gente do que é o trabalho de vocês.

 

FLÁVIA BALDERI: A Copaíba é uma ONG sem fins lucrativos fundada em 1999. Ela nasceu em Socorro e hoje a sua área geográfica de atuação abrange quase 20 municípios. Nossa missão é conservar e restaurar a Mata Atlântica das bacias do Rio do Peixe e do Rio Camanducaia. Os 20 municípios que citei fazem parte dessas duas bacias hidrográficas. Para atingirmos nossa missão de restaurar e conservar as florestas, temos algumas áreas de atuação. Temos a produção de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica. Essas mudas são produzidas no nosso viveiro florestal a partir de sementes que são coletadas nos fragmentos das matas de toda a região. Elas abastecem projetos nossos e também são vendidas, ajudando a manter a produção. Temos também a restauração florestal propriamente dita, que é transformar áreas florestais degradadas em áreas protegidas, conservadas com vegetação, cumprindo a sua função ecológica de proteger a água, a biodiversidade, o solo, a fauna. Outra área de atuação da Copaíba é o nosso trabalho de sensibilização ambiental, que desenvolvemos principalmente com estudantes e proprietários de terra. Mostramos a essas pessoas a importância da conservação da mata. E realizamos também um trabalho de política pública, que é ajudar a desenvolver melhores ações para o município e para a região. Nesse aspecto, participamos de redes, fóruns e colegiados que discutem e debatem leis ambientais. Esse trabalho é voltado para a melhoria da qualidade ambiental em Socorro e na nossa área de atuação.

 

MARCOS SETTI: Você acha que hoje em dia tem avançado o diálogo entre agricultura e ecologia?

 

FLÁVIA BALDERI: Acho que há, sim, um avanço nesse diálogo, porque hoje todos conseguem entender que é possível produzir alimento conservando as florestas. Falo desse controle biológico, que é necessário. Por exemplo, numa cultura de café, se você tiver um fragmento florestal por perto, é comprovado cientificamente que aquele plantio vai ter menos pragas por conta dos predadores naturais que existem na floresta. Então isso vai auxiliar na produção de frutos. A floresta é o ambiente para acolher animais silvestres, então falamos, por exemplo, de polinizadores, como as abelhas, que ajudam a aumentar a polinização das flores do café e consequentemente a produzir mais frutos. Então acho que os produtores rurais, com quem temos uma relação bem próximas, os proprietários de terra de um modo geral, estão mais sensíveis sobre essa questão ambiental.

 

MARCOS SETTI: Há pouco tempo atrás tivemos no Estado de São Paulo um sério problema de falta de água. Queria que você falasse um pouco sobre esse assunto.

 

FLÁVIA BALDERI: Durante esse período de secas as pessoas puderam enxergar a importância das florestas para a conservação das águas. As florestas ajudam a absorver água no solo. Quando a floresta está preservada, a água da chuva cai nas folhas, escorre aos poucos pelos troncos das árvores e, por intermédio das raízes, penetra no solo e assim se formam reservatórios de água subterrâneos. Se a vegetação não está ali para fazer com que esse reservatório seja abastecido, as nascentes secam mesmo, porque a água das nascentes vem desses reservatórios. Então a floresta tem um papel fundamental na recuperação dessas áreas.

 

MARCOS SETTI: Gostaria que você falasse pra gente sobre as novidades da Copaíba.

 

FLÁVIA BALDERI: A Copaíba agora faz parte da comunidade da Pedra Branca de Socorro. Mudamos a instituição de endereço faz cinco meses. Hoje a Copaíba está sediada em uma área que comporta o viveiro florestal, a sede administrativa e todas as outras atividades que desenvolvemos. A propriedade, no Bairro Pedra Branca, é nossa mesmo. Ela foi doada para a Copaíba por duas proprietárias de terra que participaram de projetos nossos e se sensibilizam com a causa. Estamos instalados lá e ainda há muitas adaptações a serem feitas, mas o nosso viveiro já está funcionando há cinco meses e todos estão convidados a conhecerem o nosso novo espaço.

 

MARCOS SETTI: Flávia, você pode passar o contato da Copaíba para quem quiser saber mais sobre a ONG e para os interessados em colaborar com os projetos?

 

FLÁVIA BALDERI: Quem quiser mais informações sobre a Copaíba pode ligar no telefone 19 999538382, ou entrar em contato com a gente pelo e-mail atendimento@copaiba.org.br. A Copaíba é aberta à colaboração voluntária, então, para quiser ajudar através de ações, temos espaço para o voluntariado dentro da instituição. E tem também a colaboração financeira, através da qual realizamos os nossos projetos. Toda colaboração é muita bem-vinda e se transforma em mudas plantadas para o nosso município e para a região